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Lincão
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[BCWS] Garantia extensa: vale a pena?

Mensagem por Lincão »

Texto interessante. Eu concordo...
Por Arthur Jacon.

Nos últimos anos, um fenômeno tem atingido grande parte dos fabricantes e importadores de veículos no Brasil: a extensão do período de garantia para dois, três ou mesmo cinco anos. Trata-se, sem dúvida, de um forte apelo de vendas, com potencial para — em última análise, e dependendo do perfil do consumidor — decidir pela escolha do veículo a ser adquirido.

Essa constatação traz à memória que, em um passado não muito distante, raros eram os carros que ofereciam período de garantia superior a um ano. Em muitos casos a garantia poderia ser ainda mais restrita, pois era limitada também pela quilometragem atingida. Isto é, poderia ser, por exemplo, de um ano de uso ou de 50 mil quilômetros rodados. O que ocorresse primeiro significava o termo final da garantia.

Nesse particular, vem à memória a inovadora iniciativa da Chrysler, quando de seu estabelecimento no Brasil, em 1966, por meio da aquisição da marca francesa Simca. Para angariar confiabilidade perante os consumidores brasileiros, instituiu em favor de seu belo Esplanada a garantia de dois anos ou (míseros, para os dias de hoje) 36 mil quilômetros. Ficou para os anais.

Na atualidade, há fornecedores que admitem uma garantia de até cinco anos, caso das sul-coreanas Hyundai e Kia. Várias outras trabalham com três anos, a exemplo de Citroën, Ford, Renault e Toyota, ao menos em parte de suas linhas. O argumento certamente tem grande efeito sobre o consumidor que, com isso, supõe que ficará por longo período livre de gastos com manutenção. Não é bem assim.

Cabe lembrar que todo fornecedor tem a obrigação de garantir o conserto ou a substituição do produto por ele vendido, dentro de um certo período. Entretanto, esse período é de apenas 90 dias. De fato, conforme preceitua o art. 26, II, do Código de Defesa do Consumidor (CDC), o direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em 90 dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos duráveis. Essa é a garantia legal, isto é, exigível de todos os fornecedores.

Em consequência, os fabricantes e importadores somente têm obrigação de reparar ou trocar um produto defeituoso se o defeito aparecer em até três meses após a compra. Ocorre que, para cativar o consumidor, geralmente os produtos duráveis apresentam garantia mais longa e, no caso dos carros, convencionou-se oferecer um prazo de 12 meses para que os consertos sejam feitos sem maior ônus. Essa é a garantia contratual, que se trata de uma liberalidade do fornecedor — só oferece se quiser —, mas, uma vez registrada em termo ou manual, o obriga pelo prazo por ele mesmo fixado.


Economia ilusória
A iniciativa de fabricantes e importadores de ampliar consideravelmente esse prazo, visando a torná-lo um chamariz para o consumidor — muitas vezes com sucesso —, parece, em princípio, ser muito positiva para quem adquire o produto. Na prática, todavia, a garantia estendida pode deixar de representar uma economia, convertendo-se em gastos desnecessários, sem que o consumidor esteja preparado para isso. Senão, vejamos.

Nos dias de hoje, verificamos que os automóveis atingiram um nível de resistência muito superior ao que ocorria antigamente. São muito raros os casos de quebra, em prazo inferior a cinco anos, de componentes vitais e caros, como é o caso do motor e do conjunto de transmissão.

Se antes um automóvel com 100 mil quilômetros rodados poderia ser considerado em fim de carreira, e seu motor logo deveria ser aberto para retífica, hoje essa é uma marca não muito elevada e os componentes básicos do automóvel podem, ainda, ser submetidos a bastante esforço. Em consequência, para esse fim — troca de motor e câmbio —, uma garantia de cinco anos provavelmente não será invocada.

Outro fator que merece ser pesado refere-se à necessidade de efetuar todo o plano de manutenção do veículo em concessionárias, sob pena de perda da garantia. E os programas de revisão, que estiveram mais espaçados alguns anos atrás, voltaram a estabelecer visitas mais frequentes às concessionárias — semestrais em vários casos —, empresas que, como é do conhecimento geral, praticam preços de mão-de-obra e de peças de reposição muito superiores aos das oficinas particulares.

Essa obrigação impede o consumidor de pesquisar o preço das peças no mercado, adquirir a mais barata e levá-la ao mecânico de confiança para que seja montada. A diferença de preços em uma revisão de 50 mil quilômetros pode representar um assustador gasto de mais de R$ 2.500 — valor que pode ser muito menor, sem prejuízo da qualidade, se feita a revisão em uma oficina independente.

Outra coisa que incomodará o consumidor atrelado à garantia de fábrica é a "empurroterapia", da qual já tratamos em coluna anterior. Realmente, é procedimento corrente nas concessionárias incluir nas revisões serviços desnecessários que o consumidor desavisado corre o risco de aceitar, sofrendo com isso sensíveis prejuízos. A condenável prática também ocorre, mas é bem mais rara, nas oficinas particulares.

Nas oficinas independentes também ficará o consumidor livre dos ridículos e caríssimos kits sempre incluídos nas revisões, que incluem detergente para a água do limpador de para-brisa, lubrificante para as dobradiças das portas e saquinho de lixo para a alavanca de câmbio. Chega-se a cobrar absurdos R$ 40 por esses produtos. Faça uma pesquisa no supermercado e perceba o tamanho do desfalque que é imposto ao consumidor incauto.

Por isso, já são muitos os que abdicam da garantia longa e, depois de usar o carro por algum tempo — um ano, por exemplo — para verificar se não ocorrem problemas de fabricação, entregam a manutenção a oficinas independentes.

Isso tudo leva à conclusão de que, a rigor, a prática da garantia longa, antes de ser benefício, pode representar um prejuízo ao consumidor — que, a rigor, tem violado seu direito à informação adequada, assegurado pelo artigo 6º, III, do CDC.
Fonte: http://www2.uol.com.br/bestcars/colunas ... -longa.htm
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brunollo
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Re: [BCWS] Garantia extensa: vale a pena?

Mensagem por brunollo »

Isso é muito real. o i30 tem garantia de cinco anos mas só se você pagar as revisões. E cada uma sai por coisa de 1500 reais...
Minha tolerância anda negativa com asneiras...

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