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Lincão
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Uma inconveniente verdade brasileira

Mensagem por Lincão »

O pé de cana absorve CO2, ninguém discute isso. Todo CO2 expelido pelo automóvel que queima álcool proveio do ar que o pé de cana antes absorveu.

Quando dizem que, por essa razão, o álcool é mais "verde" que a gasolina, só dá pra rir, pois o "vendedor de álcool" está supondo que na área em que a cana foi plantada não haveria nenhuma outra planta para exercer essa função de absorver o CO2. Teria, sim. Teria mato, capim, soja, milho, beldroega, maconha etc – todos eles também são absorvedores de CO2. Portanto, papo furado, corta essa, pra cima de mim não.

Um pé de cana é formado basicamente por carbono e minerais. Descontando-se a água, ele tem em torno de 95% de seu peso seco em carbono e 5% em minerais. O carbono veio do ar e os minerais vieram do solo, incluindo aí os adubos químicos usados no plantio.

Quando se queima totalmente um pé de cana, o carbono volta pro ar e os minerais são as cinzas que sobram. Entendendo isso, conclui-se que uma planta absorve mais ou menos CO2 dependendo da quantidade de massa que ela produzir. Mais massa, mais CO2 absorvido. Mata nativa é o que mais absorve CO2 por área.

A diferença está em que o mato, ou a palhada da soja, palhada do milho, capim etc, não é queimado, enquanto toda a cana, sim, é queimada. O álcool é queimado pelos carros e o bagaço é queimado na usina para produzir eletricidade em termelétricas. Sobram sem queimar só as chamadas pontas da cana, ou seja, as folhas, quando a colheita é feita por máquinas. Quando a colheita é manual, no facão, queimam tudinho, até cobras e lagartos, além de coelhinhos, abelhas e outros bichinhos mimosos.

O CO2 que o carro a gasolina emite também provém de plantas, mas de plantas que viveram há milhões de anos, além de animais que comeram plantas. Era um CO2 que estava guardadinho lá no fundo da terra que há de comer todos esses filhos das... que andam enrolando todo mundo e se dando bem.

Décadas atrás, na época do carburador e da inexistência de catalisadores, o carro a álcool emitia menos CO2 que o carro a gasolina, porém, hoje, inverteu, e o carro a gasolina emite menos CO2 que o carro a álcool, pelo simples motivo que o mundo inteiro desenvolveu tecnologia para diminuir as emissões de carros a gasolina e no Brasil não foram atrás do mesmo para o álcool. Aqui é só ir enrolando o povão desinformado, que tudo bem. Pensam os embromadores: "Até os trouxas se tocarem eu já estarei em Miami tomando uma piñacolada no abacaxi".

Essa fama antiga do álcool ser mais verde que a gasolina ainda persiste na cabeça dos desinformados e os "vendedores de álcool" ficam na moita a respeito, claro.

Em post passado o Felipe Bitu disse que no plantio de soja e feijão são usados adubos nitrogenados, mas o fato é que sendo leguminosas, quase não se usa nitrogenados em seu plantio. Leguminosas absorvem nitrogênio de bactérias chamadas rizóbiuns, bactérias essas que envolvem suas raízes e sintetizam o nitrogênio do ar e o disponibilizam para a leguminosa.

A cana, sim, consome muito adubo nitrogenado. Ela é uma gramínea e as gramíneas praticamente não se favorecem desse esquema de bactérias.

A fórmula básica de um adubo é N-P-K. O nitrogênio, N, vem do petróleo. O fósforo, P, vem de minas ou de caixinhas que se vende na padaria. O potássio, K, também vem de minas.

O Brasil é um país muito imprevidente e pouco investiu na mineração de P e K. Temos muito desses dois aqui, mas há décadas que não se investe nisso, como se não fôssemos um país agrícola.

O balanço energético da produção do álcool de cana está ao redor de 5 a 7 para 1. Gasta-se uma unidade de energia e colhe-se de 5 a 7. Não tenho informações se nessa conta entra a energia elétrica produzida com o bagaço.

Já o balanço do álcool do grão de milho, como é produzido nos EUA – lá é muito frio pra cana, só dá cana no Estado do Havaí – é de 2 para 3, ou seja, gasta-se 2 e colhe-se 3. Muito pior que a cana, portanto. Queima-se um mundo de petróleo pra produzir álcool e isso é muito ecológico, muito “cool”. Tá bom...

E o pior é que isso inflacionou uma barbaridade o preço de todos os grãos lá produzidos. Hoje, 40% do milho dos EUA vai pro álcool. O bushel do milho, que historicamente variava de US$ 2 a US$ 3, hoje está em US$ 7. Muitos deixaram de produzir outros grãos e partiram pro milho. Conclusão, sobem os preços de todos os alimentos, não só lá, mas no mundo inteiro. Grão mais caro é leite mais caro, é carne de vaca e de frango e de porco, tudo mais caro. Ainda mais agora que chinês está deixando de só comer arroz e, com todo o direito, porque trabalha pra isso, quer comer comida de gente grande e ficar forte.

Os mexicanos pobres também se lascaram feio com isso, porque na base de sua alimentação está a tortilla, que é feita de milho, e o milho lá produzido está sendo exportado pros EUA e encareceu igualmente. Que comam brioches, alguém diria.

O Estado de São Paulo sofreu uma mazela imensurável com o avanço dessa maldita cana, tanto econômica quanto socialmente. Desmantelou-se uma estrutura agrícola que antes produzia de uma infinidade de produtos para concentrar-se num só, a cana.

Usina de cana não é agricultura, é indústria. Todo o esquema é industrial, linha de produção, monocultura, mecanização pesada, rolo compressor.

Todo mundo sabe que não se deve colocar todos os ovos numa mesma cesta. Todo mundo sabe que a variedade de produção traz maior segurança; se um produto está mal, o outro compensa e a coisa não emperra nunca.

Lojas de tratores fecharam. As usinas compram tudo direto da fábrica e têm suas próprias oficinas. Os fazendeiros e sitiantes mandaram seus empregados embora e esses coitados foram pra cidade, onde não há emprego para seu conhecimento.

Nas colônias das fazendas e sítios eles tinham casa de graça, além de outras regalias, além de segurança e paz. Na cidade eles não têm onde morar ou, se têm, moram mal. Na roça seus filhos se orgulhavam deles, por eles terem conhecimento e terem muito que lhes ensinar em como ganhar a vida na lida da roça. Na cidade eles passam a ser uns bostas e seus filhos se envergonham de terem pais ignorantes e frustrados e buscam ídolos, claro, nos que lá se dão bem, tipo traficantes, cafetões e políticos.

Os fazendeiros e sitiantes, hoje, perderam seu know-how. Venderam seu maquinário de plantio, venderam seu gado e se a usina lhes devolver a terra, dizendo que não mais a querem arrendar pra cana, já era. O agricultor está totalmente desatualizado, tanto em conhecimento quanto em equipamento. Além do mais ele já amoleceu, e na roça só vinga gente dura, de fibra.

Em suma, a cana no Estado de São Paulo é um crime nunca antes sabido na história, principalmente para quem não sabe nada de História.

Tem maluquice e irresponsabilidade nisso tudo aí. Uma hora essa bolha estoura e a casa cai.

AK
Fonte: http://autoentusiastas.blogspot.com/201 ... leira.html

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Re: Uma inconveniente verdade brasileira

Mensagem por Marc... »

Interessante, mas como imaginamos que nos EUA existem pessoas que sabem pensar e com boa estratégia, e se eles estão fazendo isso com o milho, será que não tem algo mais que pode beneficiar o país, que não percebemos/sabemos?
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Re: Uma inconveniente verdade brasileira

Mensagem por mmbdp »

Lucro rápido e imediato. Nos EUA há os que dominam o petróleo e os outros obviamente vão querer dominar alguma fonte de energia para com ela gerar dinheiro nos próprios bolsos.

Aqui no Brasil a fonte principal de riqueza parece ser a robalheira oficial. Nada empresarial torna alguém tão rico e tão rapidamente quanto isso. O resto é desculpa. No Brasil ou você rouba ou bate palma prá macaco dançar. Aqui o importante é ter carro FRÉXI adaptado prá GNV. Carro caro, poluidor, sem rua prá andar. Gasolina com água. Álcool com água. Quando a água tiver mais rara que álcool e gasolina (cara ela já é) vamos inventar o carro a água, isso é certo.

O lema mundial é o que se fod@ desde que eu esteja rico. Os filhos deles vão viver em espaçonaves mesmo!

Na China ditatorial obrigam a redução da população, fizeram reforma agrária à força e as famílias são donas do campo. O problema é a demanda crescente poluidora que o maior país do mundo enfrenta com a entrada gigantesca de recursos advindos do trabalho e da industrialização.

Temos sim alguns países nórdicos e europeus em que a coisa parece (olhando aqui de fora) séria. No mais, estamos é fudid0s mesmo.

Agora deixa eu ligar meu picanto não fréxi e ir respirar um pouco, antes que o imposto sobre o ar aumente!

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