Do que é composto o preço de um carro importado?
Enviado: 08 Fev 2010, 17:46
Do que é composto o preço de um carro importado?
Por Cadu Ramos
O aumento da participação de importados no mercado nacional em 2009 (15,6% do total de emplacamentos, ou 488,9 mil unidades) além de demonstrar o crescente interesse dos brasileiros por produtos geralmente mais sofisticados, ou Premium, colocou uma antiga discussão de volta à pauta: por que estes veículos chegam por aqui com um preço de tabela até três vezes acima do cobrado em seus locais de origem? A explicação, segundo a Abeiva, entidade que representa 16 montadoras, entre elas, a Audi, a Porsche e a Volvo, está no número de impostos e taxas cobrados desde o momento do embarque até a chegada do automóvel à concessionária e, posteriormente, à garagem do consumidor. Um carro de 2.000 cm3 de cilindrada, vendido a 20 mil euros na Alemanha (cerca de R$ 51.000), por exemplo, ao entrar no navio já embute 3,66% ao seu preço final, por conta do frete e do seguro. E a lista é extensa, com mais de 15 itens, como demonstra a tabela abaixo:
FOB US$ 20.000
FRETE MARÍTIMO 3,50% 700
SEGURO 0,16% 32
CIF 20.732
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (I.I.) 35% 7.256
IPI 25% 6.997
ICMS 12% 4.771
MARINHA MERCANTE (base frete) 25% 175
CUSTO DE DESPACHANTE + TAXAS fixo 100
ARMAZENAGEM PARA DESEMBARAÇO 0,25% 100
MOVIMENTAÇÃO DE PORTO fixo 50
OUTROS CUSTOS DE OPERAÇÃO fixo 100
Total Imposto e taxas 19.549
FRETE PARA ARMAZENAMENTO fixo 250
PREPARAÇÃO PARA VENDA fixo 150
FRETE PARA DISTRIBUIÇÃO fixo 250
Total de Logística 650
MARGEM DO IMPORTADOR 20% 4.000
IPI S/ MARGEM 25% 1.000
ICMS S/ MARGEM 12% 480
ICMS SUBSTITUTO 12% 756
PIS/COFINS MONOFÁSICO 8,26% 2.777
Custo para Comercialização 9.013
Custo Total US$ 49.944
Além dos impostos, existe outro componente que acrescenta custo no valor de um carro vindo do exterior, a chamada tropicalização, nome pelo qual é conhecida a adaptação necessária para um automóvel europeu circular por aqui. "Para usar a gasolina nacional (que tem álcool misturado) é necessário trocar (ou no mínimo reprogramar) o módulo de controle de injeção/ignição, e trocar algumas peças, como mangueiras, juntas, bomba de combustível, catalisador, que podem ser atacadas. Já veículos a diesel são mais complicados, pois podem exigir a troca de ainda mais peças, como pistões, por exemplo, para não prejudicar a durabilidade e ficar dentro dos limites nacionais de emissões. Isto porque, apesar de não ter álcool, a composição e especificações do óleo diesel nacional são diferentes daquelas de outros países", Ronaldo Salvagni, coordenador do Centro de Engenharia Automotiva da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
E Salvagni cita outras adaptações. "Por causa das condições das ruas e rodovias brasileiras, para um carro europeu circular são necessários também ajustes da suspensão, eventualmente com troca de molas e/ou amortecedores e, mesmo dos pneus, em alguns casos. Isto, é claro, depende da marca, modelo e mercado para o qual o carro foi fabricado. Se for um veículo "off - road", provavelmente não vai precisar de modificação nenhuma. Se tiver sido fabricado, por exemplo, para a Argentina, México, África ou China, também é pouco provável que precise de ajustes. Já automóveis europeus ocidentais ou americanos, estes com certeza precisarão de alterações".
Exemplos da diferença de preço:
Porsche Panamera S
Europa: 94.575 euros (cerca de R$ 241.166)
Brasil: R$ 538.940
Mercedes SLK 55 AMG
Europa: 38.109 euros (cerca de R$ 97.177)
Brasil: R$ 337.500
Jaguar XF 3.0 V6
Europa: 30 mil euros (cerca de R$ 76.500)
Brasil: R$ 277.737
Por Cadu Ramos
O aumento da participação de importados no mercado nacional em 2009 (15,6% do total de emplacamentos, ou 488,9 mil unidades) além de demonstrar o crescente interesse dos brasileiros por produtos geralmente mais sofisticados, ou Premium, colocou uma antiga discussão de volta à pauta: por que estes veículos chegam por aqui com um preço de tabela até três vezes acima do cobrado em seus locais de origem? A explicação, segundo a Abeiva, entidade que representa 16 montadoras, entre elas, a Audi, a Porsche e a Volvo, está no número de impostos e taxas cobrados desde o momento do embarque até a chegada do automóvel à concessionária e, posteriormente, à garagem do consumidor. Um carro de 2.000 cm3 de cilindrada, vendido a 20 mil euros na Alemanha (cerca de R$ 51.000), por exemplo, ao entrar no navio já embute 3,66% ao seu preço final, por conta do frete e do seguro. E a lista é extensa, com mais de 15 itens, como demonstra a tabela abaixo:
FOB US$ 20.000
FRETE MARÍTIMO 3,50% 700
SEGURO 0,16% 32
CIF 20.732
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (I.I.) 35% 7.256
IPI 25% 6.997
ICMS 12% 4.771
MARINHA MERCANTE (base frete) 25% 175
CUSTO DE DESPACHANTE + TAXAS fixo 100
ARMAZENAGEM PARA DESEMBARAÇO 0,25% 100
MOVIMENTAÇÃO DE PORTO fixo 50
OUTROS CUSTOS DE OPERAÇÃO fixo 100
Total Imposto e taxas 19.549
FRETE PARA ARMAZENAMENTO fixo 250
PREPARAÇÃO PARA VENDA fixo 150
FRETE PARA DISTRIBUIÇÃO fixo 250
Total de Logística 650
MARGEM DO IMPORTADOR 20% 4.000
IPI S/ MARGEM 25% 1.000
ICMS S/ MARGEM 12% 480
ICMS SUBSTITUTO 12% 756
PIS/COFINS MONOFÁSICO 8,26% 2.777
Custo para Comercialização 9.013
Custo Total US$ 49.944
Além dos impostos, existe outro componente que acrescenta custo no valor de um carro vindo do exterior, a chamada tropicalização, nome pelo qual é conhecida a adaptação necessária para um automóvel europeu circular por aqui. "Para usar a gasolina nacional (que tem álcool misturado) é necessário trocar (ou no mínimo reprogramar) o módulo de controle de injeção/ignição, e trocar algumas peças, como mangueiras, juntas, bomba de combustível, catalisador, que podem ser atacadas. Já veículos a diesel são mais complicados, pois podem exigir a troca de ainda mais peças, como pistões, por exemplo, para não prejudicar a durabilidade e ficar dentro dos limites nacionais de emissões. Isto porque, apesar de não ter álcool, a composição e especificações do óleo diesel nacional são diferentes daquelas de outros países", Ronaldo Salvagni, coordenador do Centro de Engenharia Automotiva da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
E Salvagni cita outras adaptações. "Por causa das condições das ruas e rodovias brasileiras, para um carro europeu circular são necessários também ajustes da suspensão, eventualmente com troca de molas e/ou amortecedores e, mesmo dos pneus, em alguns casos. Isto, é claro, depende da marca, modelo e mercado para o qual o carro foi fabricado. Se for um veículo "off - road", provavelmente não vai precisar de modificação nenhuma. Se tiver sido fabricado, por exemplo, para a Argentina, México, África ou China, também é pouco provável que precise de ajustes. Já automóveis europeus ocidentais ou americanos, estes com certeza precisarão de alterações".
Exemplos da diferença de preço:
Porsche Panamera S
Europa: 94.575 euros (cerca de R$ 241.166)
Brasil: R$ 538.940
Mercedes SLK 55 AMG
Europa: 38.109 euros (cerca de R$ 97.177)
Brasil: R$ 337.500
Jaguar XF 3.0 V6
Europa: 30 mil euros (cerca de R$ 76.500)
Brasil: R$ 277.737